A COMISSÃO DE EDUCAÇÃO

Mário Campos, 19 de agosto de 2025 À Comissão de Educação da Câmara Municipal de Mário Campos Prezados(as) membros da Comissão, Dirijo-me a esta respeitável instância legislativa com o intuito de compartilhar, de forma anônima, preocupações urgentes sobre as condições de trabalho enfrentadas pelos profissionais da educação na Escola Municipal Vereador Weld de Souza Maia. A escolha pelo anonimato se dá pela ausência de canais seguros de escuta e pela percepção de que manifestações identificadas ainda podem ser alvo de retaliações ou interpretações equivocadas. No entanto, mantenho a esperança de que esta Comissão, como espaço legítimo de representação popular, possa acolher e encaminhar as demandas aqui apresentadas. Inicio esta carta evocando Paulo Freire, que em Pedagogia do Oprimido (1987) nos alerta: “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.” Essa reflexão nos convida a pensar que uma educação que falha em sua concepção e execução pode perpetuar desigualdades, em vez de combatê-las. A realidade vivida na referida escola é marcada por precariedade material e estrutural. Faltam insumos básicos para o trabalho pedagógico — como papel contact, fita adesiva, E.V.A., entre outros — e também para o funcionamento cotidiano da unidade, como papel toalha, copos descartáveis, álcool e sabão líquido de qualidade. O sabão fornecido, por exemplo, não espuma e é ineficaz para a higiene de servidores e estudantes. O papel higiênico é de baixa qualidade, rasgando-se com facilidade. A sala dos professores não possui sequer um micro-ondas, obrigando os servidores a improvisarem suas refeições em banho-maria. A estrutura física da escola também apresenta sinais de abandono: móveis quebrados acumulados no fundo da unidade, jardim sem manutenção, árvores secas não removidas, cadeiras danificadas que colocam em risco a integridade física dos funcionários, banheiros com lixeiras quebradas e secadores de mão inoperantes. Há salas de aula improvisadas, com mobiliário amontoado, comprometendo o ambiente de aprendizagem dos estudantes. Apesar dessas condições, a Secretaria Municipal de Educação tem se mostrado ausente na escuta ativa das escolas, mas presente na cobrança de resultados pedagógicos. Coordenadores pedagógicos, quando visitam a unidade, priorizam o preenchimento de dados, sem considerar se há condições reais para o desenvolvimento de práticas educativas qualificadas. Recentemente, servidores foram convocados para formações aos sábados, em turnos completos. Embora legalmente possível, não houve abertura para diálogo sobre alternativas que respeitassem o clima escolar e promovessem momentos formativos mais acolhedores. A ausência de escuta e de sensibilidade na gestão compromete o vínculo entre os profissionais e a rede. Mesmo diante de tantas adversidades, os professores seguem propondo atividades diferenciadas, como aulas-passeio e projetos pedagógicos. No entanto, as respostas da Secretaria têm sido negativas, muitas vezes comunicadas informalmente e sem justificativas claras. Diante disso, pergunto: em um município com número reduzido de escolas, não seria possível garantir, ao menos, condições mínimas de funcionamento? A gestão municipal, liderada por uma educadora, deveria ser exemplo de compromisso com a valorização da educação pública. Solicito, portanto, que esta Comissão de Educação tome ciência dos fatos aqui relatados, realize visitas à unidade escolar mencionada e promova o diálogo com os profissionais da educação, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e suas condições de trabalho respeitadas. Com respeito e esperança, [Anônimo]